Empresários que contrataram shows da Expoacre são presos por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro
Empresários são presos em operação da PF contra tráfico de drogas e lavagem de dinheiro Os empresários e irmãos John Muller Lisboa, Mayon Ricary Lisboa ...

Empresários são presos em operação da PF contra tráfico de drogas e lavagem de dinheiro Os empresários e irmãos John Muller Lisboa, Mayon Ricary Lisboa e Johnnes Lisboa e o sócio e primo deles, Douglas Henrique da Cruz, foram presos preventivamente nesta segunda-feira (15) pela Polícia Federal por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Outro preso na ação da PF-AC foi o empresário André Borges. O g1 não conseguiu contato com a defesa dele. Em nota, a defesa dos três irmãos e de Douglas Henrique disse que 'confia plenamente que todos os fatos serão apurados com rigor e imparcialidade pela Polícia Federal e pelo Poder Judiciário' e que os seus clientes estão à disposição para esclarecer os fatos. 📱 Baixe o app do g1 para ver notícias do AC em tempo real e de graça O g1 apurou que John Muller, Mayon Ricary e Douglas Henrique foram presos em Rio Branco. Já Johnnes Lisboa estava em Porto Velho e André Borges na Bahia. A PF-AC deflagrou a Operação Inceptio em Rio Branco, Porto Velho (Rondônia), Ubaí (Minas Gerais), Camaçari, Ilhéus e Salvador, na Bahia, Cabedelo (Paraíba) e São Paulo (SP). Foram cumpridos nove mandados de prisão preventiva e 22 de busca e apreensão. Presos durante a Operação Inceptio nesta segunda-feira (15) Reprodução Os irmãos Lisboa e o primo são donos de várias empresas que organizam e promovem eventos no estado. Inclusive, duas empresas de Douglas Henrique Silva da Cruz, Moon Club RB DHS da Cruz Sociedade LTDA e DHS da Cruz Sociedade LTDA, foram responsáveis pela venda de camarotes privados e por trazer os artistas dos shows da Expoacre Rio Branco 2025, que ocorreu entre 26 de julho a 3 de agosto. (Entenda a polêmica dos ingressos abaixo) Já Jhonnes Lisboa é diretor geral da empresa Inove Eventos, que atualmente anunciou a vinda do DJ Alok para Rio Branco no próximo dia 3 de outubro. A apresentação do artista deve ocorrer na Arena da Floresta. À Rede Amazônica, um representante da empresa informou que a apresentação está mantida. Em nota, o governo do Acre afirmou que as 'contratações de camarotes da Expoacre foram realizadas de forma transparente e com processo licitatório realizado através da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), da Associação Comercial, Industrial, de Serviço e Agrícola do Acre (Acisa)'. Sobre os shows, a Casa da Amizade ficou responsável pela contratação. "Ressalta ainda que os dados estão à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários", diz a nota. O g1 aguarda o retorno da Acisa e da Câmara dos Dirigentes Lojistas. Casa de show usada para lavagem de dinheiro Durante a operação, os policiais estiveram no prédio onde funcionava a antiga boate Moon Club, que seria reinaugurada como Vitrine Club. O estabelecimento teve as atividades suspensas pela PF-AC. À Rede Amazônica Acre, o delegado André Barbosa, da Delegacia de Repreensão a Entorpecentes da PF-AC, disse que o grupo criminoso atua no Acre desde 2019 e que os crimes foram descobertos durante a investigação de outros crimes. Ainda segundo o delegado, as casas de shows do grupo eram usadas para lavagem de dinheiro. "Não tem ligação direta com a venda de entorpecente. Eram usadas como mecanismo de instrumentalizar a movimentação de recursos ilícitos, inclusive com origem do tráfico de drogas. Inicialmente, a gente identificou que tinha um grupo de narcotraficantes que revendia drogas para os estados do Nordeste e Sudeste e, a partir de então, para internalizar o dinheiro, utilizava diversas pessoas físicas e jurídicas para lavar dinheiro, incluindo estabelecimentos comerciais", destacou. O delegado acrescentou que as investigações estão avançadas e que as prisões desta segunda vão ajudar a esclarecer algumas dúvidas. "A gente já tem, no aspecto probatório, elementos robustos que apontam a prática dos crimes investigados, mas sempre há elementos que ficam dissimulados. A fase ostensiva serve para gente buscar os elementos que não conseguimos na fase sigilosa das investigações", ressaltou. Casa noturna Vitrine Club teve as atividades suspensas pela PF Arquivo pessoal Bloqueio de bens A Justiça bloqueou mais de R$ 130 milhões em contas bancárias. Também apreendeu bens que valem cerca de R$ 10 milhões. Além disso, mandou suspender as atividades de um comércio ligado ao grupo investigado. A polícia descobriu que o grupo atuava em seis estados. Eles mandavam grandes quantidades de droga do Acre para o Nordeste e o Sudeste. O dinheiro do tráfico era movimentado por meio de contas bancárias, criptomoedas e empresas de fachada. Os suspeitos podem responder por tráfico de drogas, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Ingressos vendidos sem autorização Em julho, após empresas veiculadas ao grupo preso circularem nas redes sociais publicações de vendas de camarotes e ingressos para os shows da Expoacre, o governo divulgou uma nota confirmando que não havia autorização para as vendas. "Nenhuma empresa ou empresário está autorizada a vender ingressos (front stage) ou camarotes para os shows da Expoacre em Rio Branco", dizia parte da nota divulgada. No dia 5 do mesmo mês, o gestão estadual confirmou que os empresários presos pela PF tinham ganhado a licitação para venda de ingressos dos camarotes privados e por trazer os artistas, ficando responsável por todos os custos de operação e logística, como estava previsto no edital e no contrato. Na publicação, o governo destacou que tinha assinado um acordo de cooperação técnica com a Câmara de Dirigentes Lojistas de Rio Branco (CDL), responsável pelo edital de chamamento público nº 001/2025 lançado em 26 de junho deste ano. Confira a nota da defesa na íntegra A defesa de Marck Johnnes da Silva Lisboa, John Muller, Mayon Ricary Pontes Lisboa e Douglas Henrique Silva da Cruz vem a público esclarecer, diante de notícias veiculadas sobre a Operação “Inceptio”, que confia plenamente que todos os fatos serão apurados com rigor e imparcialidade pela Polícia Federal e pelo Poder Judiciário, assegurando o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório, garantias previstas na Constituição Federal. Reforça-se que nenhuma acusação implica culpa. Até decisão judicial definitiva, toda e qualquer pessoa permanece inocente, não devendo sofrer prejulgamento ou condenações antecipadas. Nosso cliente está à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários, contribuindo com a elucidação dos fatos. Reiteramos o compromisso com a defesa técnica responsável e ética, atuando exclusivamente no âmbito jurídico e confiando que a verdade será restabelecida ao final do processo. Daiane Carolina Dias de Sousa Ferreira OAB/AC 5.604 Marcus Venicius Nunes da Silva OAB/AC 3.886 Reveja os telejornais do Acre