Adolescente com sequelas de câncer é alvo de bullying por colega de escola em RO; família leva caso à polícia
Júlia Souza (à esquerda) e colega de escola que fez bullying (à direita) Redes Sociais/Reprodução Uma adolescente de 16 anos,que enfrentou um câncer ósse...

Júlia Souza (à esquerda) e colega de escola que fez bullying (à direita) Redes Sociais/Reprodução Uma adolescente de 16 anos,que enfrentou um câncer ósseo foi alvo de bullying por uma colega de escola em Porto Velho (RO). Um vídeo que circula nas redes sociais mostra os adolescentes zombando de Júlia Souza, que atualmente utiliza uma prótese interna parcial para se locomover. Júlia e a adolescente que aparece no vídeo estudam na Escola Estadual João Bento da Costa. Os outros envolvidos não foram identificados, segundo a direção da instituição. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias de RO em tempo real e de graça Segundo a mãe de Júlia, Solange Batista, a adolescente ficou profundamente abalada ao ver o vídeo. “Ela me pediu para mudar de sala, porque tem uma pessoa que está expondo o vídeo. Júlia ama a escola e o trabalho, não quis nem ir ao hospital quando estava passando mal. Sinceramente, estou vendo tudo que lutei para construir sendo desfeito por causa desse bullying”, relata a mãe. Além do bullying, também foram divulgados vídeos de cunho sexual envolvendo a imagem de Júlia, produzidos com o uso de inteligência artificial. Diante da gravidade da situação, a família formalizou um boletim de ocorrência e uma denúncia no Conselho Tutelar. O caso foi registrado na Delegacia Especializada em Atos Infracionais da capital rondoniense. A Polícia Civil informou ao g1 que não irá se manifestar sobre o ocorrido, por envolver menores de idade. A família da vítima participou de uma reunião na Escola Estadual João Bento da Costa. O encontro contou com a presença da diretoria da escola, de uma das jovens que aparece no vídeo e dos pais dela. De acordo com Solange, durante a reunião, a adolescente que participou do vídeo pediu desculpas e afirmou não saber que Júlia havia enfrentado um câncer. “Não sei se isso melhora ou piora, porque no caso ela teria imitado uma pessoa com deficiência de nascença. Isso não torna menos ou mais doloroso”, desabafa a mãe. Leia também: O que a morte da menina de 11 anos agredida em escola em PE revela sobre a violência nas escolas do Brasil Ao g1, vice-diretora da instituição, Dalzilene Lopes, informou que, como o episódio de bullying ocorreu fora do ambiente escolar, a escola não pode aplicar o regimento interno. No entanto, afirmou que medidas estão sendo adotadas para garantir os direitos tanto de Júlia quanto da outra estudante mencionada. "Trabalhando bastante essa questão, não apenas com a Júlia, mas com todos os outros estudantes e estamos procurando desenvolver um trabalho constante de conscientização e respeito. Tivemos também um cuidado com a outra aluna, para que ela não sofresse nenhum tipo de situação desagradável, já que muitas pessoas ficaram revoltadas", explica. LEIA MAIS: Homem é preso suspeito de manter companheira e dois filhos em cárcere privado em RO Estudante de Medicina ganha ‘boleto gigante’ ao quitar faculdade que custou mais de meio milhão de reais em RO Boletins de ocorrência por cyberbullying no Brasil ultrapassam 450 em 2024; maioria das vítimas tem entre 10 e 17 anos Assim como a diretoria da escola, a Secretaria de Estado da Educação alega que a situação não ocorreu dentro da unidade escolar, mas "a gestão escolar está à disposição para acolher a estudante e sua família, bem como adotar as providências necessárias, caso seja identificado qualquer desdobramento relacionado ao ambiente escolar." A Seduc também informou que todos os gestores da Rede Pública Estadual recebem orientações e capacitações contínuas para o enfrentamento à violência e ao bullying e que as escolas estão aptas a acolher os estudantes e seus responsáveis. Busca por justiça A principal preocupação de Solange é com a fragilidade da saúde de Júlia. Além da deficiência física, a adolescente convive com diversas sequelas deixadas pelas sessões de quimioterapia. A mãe reforça que seguir com o processo judicial é uma forma de conscientizar a sociedade sobre os impactos do bullying. “As pessoas precisam entender que bullying não é brincadeira. É uma violência que mata. Mata sonhos, mata financeiramente, psicologicamente, socialmente e, por fim, tira a vida. Tem muitas Júlias pedindo socorro, trancadas em um quarto, fugindo das pessoas por causa disso”, diz Solange. ASSISTA TAMBÉM: Quadro "Direito à Jústiça" - Bullying e cyberbullying no código penal